CIRCUITO SETE POVOS DAS MISSÕES



Sete Povos das Missões é o nome de um conjunto de sete aldeias indígenas fundadas por padres jesuítas espanhóis na região de Rio Grande de São Pedro, onde atualmente se situa o estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Eram também conhecidos como Missões Orientais, por se localizarem a leste do Rio Uruguai. Na época, o território pertencia aos espanhóis. Além dos sete povos, há outros quinze na Argentina, bem como oito no Paraguai, somando um total de trinta povos, chamados de “reduções”.  Desses trinta, sete são considerados Patrimônios da Humanidade pela UNESCO.

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As missões foram projetadas para se desenvolverem de forma autossustentável. Assim, constituíram verdadeiras cidades, somando, por vezes, milhares de habitantes em torno de colégios, igrejas, presídios, cemitérios e oficinas, cercados por extensas áreas destinadas às lavouras e ao gado.

Os sete povos brasileiros localizam-se no Rio Grande do Sul. Dessa forma, são eles: São Miguel das Missões, São Nicolau, São João Batista, São Lourenço Mártir, Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Borja. Destes, restam quatro ruínas, todas parte do Parque Histórico Nacional das Missões (criado em 2009). As ruínas de São Miguel das Missões são mais bem conservadas e de cunho mais turístico; no Brasil, são as únicas tombadas pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Visitar as missões jesuíticas proporciona uma verdadeira aula de história. Lá, conhecemos de perto a história da catequização dos índios pelos padres jesuítas, o território afetado pelo Tratado de Madri, bem como o cenário da Guerra Guaranítica.

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Em 1750, o Tratado de Madri determinou que os Sete Povos das Missões fossem entregues a Portugal (antes, pertenciam à Espanha) em troca da Colônia de Sacramento (hoje uma cidade do Uruguai). Os índios já estabelecidos na região não aceitaram esse acordo; na prática, eles estavam sendo expulsos de suas terras. Esse descontentamento dos povos indígenas gerou a Guerra Guaranítica, um conflito entre índios guaranis e as tropas portuguesas e espanholas entre 1753 e 1756. Nessa guerra, um índio guarani se destacou: Sepé Tiarajú. Ele foi a figura marcante da guerra, considerado até hoje como um herói. Sepé Tiarajú foi morto pelas forças de Portugal e Espanha, que se uniram para fazer valer o tratado. O conflito gerou a destruição do povoado e seu fim.

 

As ruínas ainda existentes

Vamos explicar cada uma das ruínas conforme a ordem de proximidade de Porto Alegre.

 

_São João Batista

São João Batista SETE POVOS DAS MISSÕES 1

Sítio fundado em 1697. Nele se encontram os restos do cemitério, da igreja e do colégio. A primeira fundição de ferro do Brasil foi montada na Redução Jesuítica de São João Batista, devido às habilidades artísticas dos locais. A presença do Padre Sepp na região impulsionou as artes em geral, especialmente a música, uma vez que o jesuíta tirolês era músico, arquiteto, escultor, urbanista, pintor e escritor.

O Santuário de Nossa Senhora de Altoetting localiza-se próximo à redução de São João Batista. A capela é uma réplica da existente em Altoetting, na Alemanha. Foi erguida devido à devoção que o Padre Antonio Sepp tinha pela “Mãe Morena”, também conhecida como “Virgem Negra”.

 

_São Miguel das Missões

A ruína mais visitada dos Sete Povos das Missões e também a melhor conservada. Foi declarada patrimônio da UNESCO em 1983. Nesse sítio, além das ruínas, há um museu, junto do qual se encontra o sino mais antigo do Rio Grande do Sul.

A Igreja de São Miguel foi concluída em 1745, no final do período barroco. Sua construção levou dez anos e seu imponente projeto foi inspirado na Igreja de Gesú, em Roma, sede da Companhia de Jesus. Em 1828, durante os saques da Guerra da Cisplatina, o monumento foi depredado. Sofreu, ainda, com a ação de pessoas que buscavam o tesouro dos jesuítas ou que desejavam extrair material para uso em outras construções.

O arquiteto e urbanista Lúcio Costa foi responsável pelo processo de tombamento do local, efetivado em 1938. O arquiteto é mundialmente conhecido por ter idealizado e projetado Brasília ao lado de Oscar Niemeyer.

SÃO MIGUEL DAS MISSÕES show noturno

Espetáculo de som e luz:

Durante a noite, há um espetáculo de som e luz contando a história do local, narrado pela voz da Fernanda Montenegro e de um grande elenco.

Horário: das 9h às 12hs e das 14h às 18h, de terça-feira a domingo. Nas segundas, abre somente à tarde.

Horário do show de luz: 20h (21h30min no horário de verão). Dependendo do movimento, o show pode ser cancelado; é conveniente consultar no local durante a tarde.

 

Ingresso: R$ 14,00.

Ingresso do show de luzes: R$ 25,00.

 

Ficou curioso para saber mais detalhes da maior ruína do Rio Grande do Sul? Então, o blog Expedições em Família conta mais em seu artigo: O Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo

 

_São Lourenço Mártir

A missão foi fundada em 1690, com nativos provenientes da redução argentina de Santa María la Mayor, liderados pelo padre Bernardo de la Vega. Em 1731, o sítio contava com aproximadamente 6.400 indígenas, constituindo uma das maiores reduções dos Sete Povos.

São Lourenço Mártir SETE POVOS DAS MISSÕES

O destaque dessa redução foi a presença da pecuária e da agricultura, com o cultivo de erva-mate, milho, mandioca e grãos. Nela conhecemos as ruínas da igreja, da adega, do cemitério e da escola. Um ponto diferente em São Lourenço Mártir é que o visitante encontra ovelhas da raça crioula Lanada, introduzida pelos jesuítas nas missões do Rio Grande do Sul. Os animais são criados até hoje.

Há alguns anos, foram encontrados lugares onde se armazenava a água da chuva, funcionando como uma espécie de cisterna. Já existe um trabalho em andamento para resgatar esse espaço.

 

_São Nicolau

SÃO NICOLAU: PRIMEIRA QUERÊNCIA DO RIO GRANDE 2

As ruínas estão na praça central da cidade. Trata-se da primeira redução, fundada em 1626, antes dos chamados “Sete Povos das Missões”. Diferentemente das outras, São Nicolau encontra-se numa área aberta. O templo era majestoso, um dos mais bonitos da região das missões, tendo servido de inspiração para os demais.

 

Os outros três povos

Apesar de não ter ruínas, Santo Ângelo ainda preserva muito de sua história missioneira; a cidade foi a última redução jesuítica, a capital das missões no Rio Grande do Sul. Na praça Pinheiro Machado, encontram-se trinta arcos em homenagem aos povos, cada um com o nome de um povo, na ordem da data de fundação. Nessa praça, também está situada a bela Catedral Angelopolitana, que foi construída sobre as ruínas da igreja jesuítica de Santo Ângelo Custódio. Ao lado da atual catedral, há restos (ruínas) da antiga igreja. No acervo do Museu Municipal de José Olavo Machado, também há restos de ruínas missioneiras, além de estátuas (pós-tempo das missões) construídas em homenagem aos índios.

São Luiz Gonzaga e São Borja foram territórios missioneiros, mas hoje são as cidades que menos guardam resquícios desse período histórico.

 

Como chegar nas missões?

Avião ou carro ou ônibus.

Santo Ângelo tem aeroporto. Dessa forma, há voos de Porto Alegre a Santo Ângelo. Algumas empresas fazem passeios turísticos para lá. São Miguel das Missões está a 476 km de Porto Alegre; então, uma viagem de carro leva entre 6h e 7h.